Sibila

Esta é mais nova das Viajantes a ficar pronta. Para quem ainda não conhece a série eu logo explico: surgiu de um desejo antigo de fazer um trabalho que falasse das viagens, dos caminhos… De como podemos seguir nossas jornadas de tantas maneiras diferentes. Podemos ter ou não destino, podemos ter pressa ou todo o tempo do mundo, escolher viajar carregando muito ou leves e sem bagagem , podemos navegar, voar, caminhar… Cada escolha reflete muito de quem somos, e ao mesmo tempo cada uma delas vai construindo o caminho e também o quem o percorre.

Viajantes era uma exposição já a muito sonhada , mas depois de longa espera desisti de encontrar a oportunidade perfeita e resolvi colocar mãos à obra. Foi no segundo semestre de 2018, quando estava carecendo de dose extra de poesia e alegria que comecei a trabalhar em algumas peças com calma e amor, decidida a nos dar (a cada uma delas e também a mim) o tempo necessário para fazer cada detalhe, entender como deveria ser cada elemento, colorido, textura. Compreender os significados, os símbolos, as metáforas… Quando o trabalho já estava andando com algumas peças bem encaminhadas… veio a pandemia e me encheu de dúvidas! Se antes eu eu não sabia onde poderia organizar a exposição como gostaria, agora nem sabia mais quando me sentiria à vontade para reunir pessoas para ver meu trabalho!

Muitas mudanças chegaram naquele momento da jornada e ao mesmo tempo surgiu uma urgência em compartilhar as peças que iam ficando prontas. Talvez resultado da ansiedade do confinamento . Mais uma decisão: Não seria uma exposição e sim uma série de bonecas muito especiais, que seriam colocadas no mundo à medida que ficassem prontas. De lá para cá já foram para o mundo Ana, a balonista (que já está aqui no site e outro post) , a Viajante Sem Pressa ( a quem ainda estou devendo um post para breve) e agora chega Sibila – A que Enxerga Longe.

Vinda de um lugar muito distante, Sibila tem uma girafa como montaria. Uma escolha curiosa não é mesmo? Acredito que nem lá nas terras distantes de onde vem essa dupla esta é uma opção usual. Mas basta pensar um pouco para perceber vantagens nesta alternativa. Já de saída não me lembro de outro animal tão elegante! Como são belas as girafas! Mas não é só isso, ainda são gentis, tranquilas e já ouvi contar que tem ótimo humor! Por aí já vemos que são ótimas companheiras de viagem, mas ainda tem mais: lá de cima é mais fácil antever os percalços do caminho e tb escolher as melhores rotas. E a vista? Que vista! 

Verdade que com esta montaria, não dá para levar muita bagagem, mas vale a pena aprender a transitar mais leve pelo mundo , não é mesmo?

Desafios

Fazer Sibila foi uma empreitada com alguns bons desafios. Construir uma girafa que mantivesse o equilíbrio sem estar presa a uma base foi o primeiro deles. Peças assim mais altas tendem a ser menos estáveis, mas resolvi prendendo chumbinhos de pesca nos pés.

Depois precisei pensar em como fazer a crina e o rabo, que queria que fossem de um material diferente do papel. Decidi fazer usando linha para bordado, e lá fui eu bordar a crina em um tecido para depois aplicar na girafa. Dá para acompanhar o processo pelas fotos.

Agora que ela já tinha crina e rabo com pelinhos era hora de pensar em como reproduzir a incrível estampa tão característica . Sabia que existem quatro espécies de girafa e as diferenças na estampa são uma maneira de diferenciá-las?

Para fazer a pelagem de Safira (sim, nossa girafa se chama Safira 🥰) escolhi trabalhar fazendo um lindo mosaico com pedacinhos de papel. Foram algumas boas horas trabalhando com uma tesourinha miúda, cola e uma pinça para recortar e colar cada peça deste quebra cabeças. Amei o processo e o resultado!

Agora, quando olho para trás, vejo que este longo caminho de pensar na imagem, nas dificuldades de execução, de me decidir por determinadas soluções técnicas e executá-las com o amor e o cuidado necessários, foi me dando tempo para entender essas duas personagens, quem eram e que estórias vinham me contar.

Quando terminei Safira, Sibila já estava quase pronta também. Enquanto trabalhava em uma, a outra me contava como gostaria de sua roupa, que queria um turbante vermelho esvoaçante, gostava de blusas bordadas e botas, e que eu não podia esquecer das pequenas bolsas presas ao sinto!

Quantas viagens sem sair do ateliê!

Vou gostar demais de saber o que achou! Comente aqui: