Making Gourd dolls & Spirit Figures – Ginger Summit & Jim Widess 

Hoje venho apresentar um livro maravilhoso e que não para de me surpreender. Quando ganhei de presente de Natal a alguns anos atrás eu gostei muito logo de cara, quando abri o embrulho ainda ali na balbúrdia da festa. Não conhecia o livro ou os autores, e mesmo sem nunca ter me interessado especialmente por trabalhos com cabaça, gostei do tema, da qualidade das imagens e achei um livro lindo. Quando fui olhar com calma no dia seguinte, que surpresa! O livro era ainda muito mais legal do que me pareceu à primeira vista. Recheado de informação de qualidade, de curiosidades, imagens lindas e inspiradoras. Daqueles livros bons, que só de passear pelas páginas a gente amplia um pouco os horizontes. De lá para cá, a cada vez que volto a ele descubro um novo detalhe, uma informação, uma nova imagem.  

Já na introdução a gente percebe como este é um livro especial. Não é apenas um bom livro sobre como fazer bonecas usando cabaças, é bem mais que isso! 

Para começo de conversa a introdução leva a gente a pensar sobre o que é um boneco e que funções ele pode ter. O boneco esteve presente desde muito cedo na história da humanidade. Além de inestimável companhia para brincadeiras na infância ele vem desempenhando papéis muito variados nas diferentes culturas e ao longo de todos esses séculos.  

Os autores nos convidam a conhecer um pouco da história deste nosso companheiro de jornada e faz um resumo de sua presença entre vários povos e em diferentes lugares. 

As lindas imagens que ilustram esta introdução apresentam bonecos representantes de tradições ancestrais originárias de diferentes lugares, ou produzidos por artistas atuais inspirados por essas visualidades e maneiras de trabalhar.  

Falando específicamente da cabaça, imagino que todo mundo as conheça. São os frutos de plantas de dois gêneros diferentes (Lagenaria e Cucurbita) que quando secos podem ser usados para armazenar líquidos, fazer tigelas, bonecos e ainda muitos outros usos.  Estes frutos podem ter a forma arredondada, ovalada ou ainda como se fossem duas esferas de tamanhos diferentes combinadas. Suas formas orgânicas e sempre diferentes são muito sugestivas e são um incrível ponto de partida para a criatividade bonequeira. Já conhecia alguns trabalhos que transformam cabaças em bonecos, mas não desconfiava que podiam ser tão ricos e variados, combinando tantos recursos diferentes. Foi uma grata surpresa!

 A cada novo assunto há um pequeno tutorial explicando como experimentar a técnica apresentada. Em um total de vinte e oito, temos alguns mais complexos, mas também outros bem fáceis de acompanhar.

 Acho que uma boa maneira de demonstrar a riqueza do conteúdo deste livro é fazer um breve resumo de cada capítulo:

 O primeiro é dedicado à maneira mais simples de se trabalhar com a cabaça, que é usá-la inteira aproveitando sua forma original e trabalhando sua superfície com pintura e pirogravura para assim caracterizar seu personagem. É lindo perceber como a simples aplicação de linhas e cores combinadas à forma sugestiva da cabaça resulta em bonecos muito diversos e encantadores.  

O capítulo seguinte traz bonecos realizados usando técnicas surpreendentes com as quais a cabaça é modelada ao longo de seu desenvolvimento. Duas são as técnicas apresentadas. A primeira consiste em amarrar a um cordão em torno da cabaça ainda no pé, para que o cordão vá guiando seu crescimento e fazendo com que atinja a forma desejada. A segunda consiste em colocar o “bebê cabaça” em um molde logo no dia seguinte à queda da flor , assim ele cresce tomando a forma desejada e alcançando um nível surpreendente de detalhamento.  

O terceiro capítulo tem como assunto a possibilidade de usar diferentes materiais para adicionar pernas e braços ao corpo da cabaça. As ilustrações e tutoriais trazem exemplos muito diversificados, desde os mais simples até os mais elaborados como bonecos articulados.  

Usar uma cabaça como a cabeça de um corpo de arame é o assunto do capítulo 4. Além de muitos trabalhos incríveis usando este recurso, há neste capítulo um passo a passo que ensina a fazer a estrutura do corpo e abre caminho para muitas possibilidades criativas. 

No capítulo 5 somos apresentados à possibilidade de acrescentar à cabaça elementos em argila para fazer rostos detalhados e também braços e pernas. Os autores sugerem o uso de moldes de silicone comprados prontos, mas eu nunca usei nem encontrei para vender. Se você conhece e sabe onde comprar seria ótimo deixar aqui nos comentários para ajudar a quem quiser experimentar 😉 

O capítulo seis traz bonecas que combinam partes recortadas de cabaças. Este e o sétimo são os capítulos com minhas bonecas preferidas em todo o livro! Segundo os autores, as cabaças são um material muito mais macio e fácil de recortar que a madeira. Com a combinação dos recortes as formas podem ficar muito elaboradas, ou nem tanto, mas é uma maneira de trabalhar que amplia muito as possibilidades e resulta em bonecos muito encantadores. Um dos tutoriais deste capítulo ensina a fazer uma peça que combina recortes de cabaça com os rostos modelados, uma lindeza só! 

Agora meu capítulo preferido, o sétimo! Nele conhecemos trabalhos que aplicam tecelagem e miçangas a cabaças inspirados em modos de trabalhar originários da oceania o do continente africano. Além de fotos de bonecos especialmente lindos e originais, temos quatro tutoriais neste capitulo que ensinam diferentes maneiras de trabalhar, com diferentes niveis de dificuldade.  

Chegando ao oitavo capítulo encontramos bonecos trabalhados a partir de recortes e entalhes. Para este tipo de trabalho, os autores recomendam o uso de ferramentas elétricas (retíficas, como as da marca Dremel) que tanto realizam cortes como os desbastes.  

A característica mais marcante das cabaças, além de suas formas arredondadas, é serem ocas. Assim sugerem de imediato a idéia de guardar, esconder… E o próximo capítulo trata disso. O assunto do nono capítulo são bonecos que exploram a capacidade de armazenar tão própria desta matéria prima. Aqui temos bonecas em que podemos guardar coisas, ou que escondem surpresas dentro de si. Há também matrioskas de cabaça!

Quem se lembra do “joão teimoso”? O capítulo dez fala deste boneco com a base arredondada e com peso que a gente empurra e ele volta a ficar de pé, um brinquedo muito popular para crianças menores. Pois para minha surpresa parece que é um tipo de boneco comum a várias culturas tradicionais e pode ser associado à resiliência, a capacidade que temos de nos levantar depois de um “tombo”, um infortúnio.

Bonecos que também são instrumentos musicais são o foco do capítulo 11. Os autores contam que instrumentos com elementos da forma humana eram utilizados em cerimônias e rituais de povos tradicionais, principalmente no continente Africano para inspirar o músico, reforçar laços mágicos ou refletir características dos sons produzidos.

No capítulo 12 o assunto são fantoches. Eu sou completamente fascinada por teatro de bonecos! Acho incrível como posso ser completamente levada pela magia dessas criaturas e rapidamente nem percebo mais o manipulador! Vc também é assim? Ainda não tinha passado pela minha cabeça fazer fantoches de cabaça, mas os tutoriais deste capítulo ensinam quatro tipos diferentes para fazer e se divertir!

Temos ainda o capítulo 13 dedicado a bonecos que são também adornos como colares e broches e o 14 que abre uma exceção ao tema central, que são as representações da figura humana e trata de animais feitos de cabaça.

O livro se encerra com um último capítulo que traz uma rica galeria recheada de trabalhos inspiradores e também muito diversos.

Algo que merece destaque são pequenos textos que aparecem ao longo de todo o livro explicando algumas figuras lendárias e bonecas tradicionais de vários povos como os Hobgoblins, as bonecas Kachina, as Kokeshi e tantos outros.

1 thought on “Making Gourd dolls & Spirit Figures – Ginger Summit & Jim Widess 

  1. Amei, já fiquei curioso sobre o livro, apesar de ser trabalhos com cabaças não deixa de ser inspiração para quem gosta de Arte e artesanatos com figuras humanas. Gratidão

Vou gostar demais de saber o que achou! Comente aqui: